domingo, 17 de julho de 2011

Apenas vontade

Sem nenhum razão, sou, nestes termos, tão-somente. E o fato bruto que me é o ser afastou-se cartesianamente do mundo, em atitude vexatória de soberba. Restabelecido na unidade schopenhaueriana entre mim e o mundo, fiz-me anti-schopenhaueriano: subitamente fui somente vontade. Sou apenas vontade, isolada, castrada, impedida de ser representação. Não sou representação, como disse: sou vontade, e isso me basta. Precisamente por ser vontade, desembaraça-se o elo embaraçoso que me obrigava a certo vocabulário coerente: é o fim de minha verborragia. E desautorizar a palavra é para mim um luxo ressentido, daqueles com que nos armamos para a guerra contra a civilização.

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