segunda-feira, 11 de julho de 2011

Ser e justiça

Eu tenho uma queixa contra os ponderados, contra os pruridos morais. Vejo no processo que sou uma injustiça grega. Sou a recusa orgulhosa e criminosa do princípio e a legalidade de não ser. É também destino que reconheça em mim o mais alto niilismo travestido de desvios consoante nomenclatura clínica.


Sou por ora a gênese inversa de todas as coisas, como se as coisas em mim se fizessem falsas, e realidade objetiva não houvesse a priori.

Meu ímpeto de vingança agora já não quer se conter, e se dirige todo e impotente contra a causalidade do mundo.

Ocorre que minha vingança retorna a sua fonte original, mais vingativa, ainda mais venenosa. 

E no retorno a casa, quase morro de intensidade, que é a sensação de nada poder, a qual tão logo se transmuta em nada ser. Ex nihilo. De tal profundeza ora emerjo, bem sabendo que não podeis conceber o nada absoluto. Venho-vos, amigos, socorrer de vossas vergonhas pudicas.

Seja-nos elevado o apreço pelas coisas em equilíbrio, mas equilíbrio dinâmico. Porquanto a justa medida das coisas consiste no refluxo e fluxo, infinitamente. Equilíbrio verdadeiro é a lei que encerra precisamente com vistas a ensejar o excesso e o derramamento.

Equilíbrio e justiça verdadeira se farão, por ocasião do advento daquele que relegamos ao não-ser, e que será, ontologicamente, em si e em nós um fim. Será para si mesmo simplesmente o ser  que lhe negamos. Será para nós o fim que teremos: Big Crunch. Maranatha.


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